Épicos - cap. 4: Pequenos negócios, grandes encrencas

 

No apartamento de Artur, depois que todos foram embora, Gisela, ainda enfurecida com os vizinhos que conseguiram acabar com a festa, terminava de limpar a cozinha, enquanto Artur na sala olhava a foto da mãe e revivia alguns momentos da sua vida.

Demorou anos pra ele perdoar o pai por tê-los abandonado pra viver com outra mulher. Isso o fez crescer muito afastado dele. Eles mal se falavam. Aos dezesseis anos, quando perdeu a mãe, seu pai tentou uma aproximação sugerindo que o filho fosse morar com eles. Mas Artur, ainda muito magoado com ele, preferiu viver sozinho. E desde então não aceitou mais nada que viesse do seu pai. No início passou por momentos difíceis e soube o quanto era duro conciliar os estudos com o trabalho, mas nunca voltou atrás na sua decisão.

Enquanto isso, do outro lado da praça ...

[ Condomínio construído por Márcio Sousa do canal MTsims ]

Olívia, que tinha ido pro apartamento de Raquel, ainda não conseguira digerir o que tinha descoberto naquela noite.

Olívia (pensando): Não posso acreditar que aquele peste é irmão do Artur...

Mais difícil foi conseguir dormir com o barulho daquela cidade, apesar do trânsito ter diminuído, tinha sempre ruído de moto, ou buzina, ou ambulância, pessoas brigando... Raquel, que era nativa de San Myshuno, logo adormeceu. Mas Olívia só conseguiu dormir perto de amanhecer.

O café da manhã foi às onze e como elas estavam com o tempo livre (Olívia de férias e Raquel, que era fotógrafa autônoma estava com um projeto bem encaminhado), ficaram conversando por horas.

Raquel: Essa hora os bombeiros já devem estar no Epi-centro.

Olívia: Bombeiros?

Raquel: Eles vão vistoriar o local pra ver se está em condições de receber o público.

Olívia: Ah claro. Espero que dê certo na prefeitura também.

Raquel: O Alfredo já está lá na prefeitura, foi ele quem me ligou naquela hora pra dizer dos bombeiros. Ele pensou que eu estava no Epi-Centro. Eu nem tava sabendo que os bombeiros iam hoje lá...

Olívia: Hum... Isso parece que foi pretexto pra te ligar...

Raquel: Ah Olívia! Lá vem você com essa história...

Olívia riu.

Olívia: Mas é sério, o Alfredo tem sim uma quedinha por você. Você sabe que eu capto as coisas no ato.

Raquel riu: Tá captando até demais...

Olívia: E você?

Raquel: Que tem?

Olívia: O que sente por ele?

Raquel: Olívia, eu tô achando que você é que tá interessada no Alfredo. Não para de falar nele...

Olívia (achando graça): Nem tente virar o jogo... Responde.

Raquel ficou um momento pensativa e depois falou.

Raquel: Tá bem. Eu tenho que confessar que eu sinto sim algo mais pelo Alfredo...

Olívia: O que pra mim não é novidade, só queria que admitisse... Mas então?

Raquel: Eu prefiro que fique como está. Ainda tenho medo de entrar num relacionamento e estragar a amizade... Assim como foi com o Júlio. 

Olívia: Ah Raquel! E não vai namorar nunca mais? Depois o Alfredo é muito diferente do Júlio. Assim como o Artur e o Érick...

Raquel: Você ficou mesmo impressionada com essa história do Artur...

Olívia: Ah fiquei, sim... Eles não se parecem em nada... O Érick, pelo que eu conheço, é um playboyzinho mimado, oposto do Artur que parece ter uma vida mais sacrificada...

Raquel: O Artur não tem muito contato com o pai. Mas com o irmão tem uma amizade muito forte. O Érick também tem uma verdadeira adoração pelo irmão. Acho até que ele respeita mais o Artur que o próprio pai... Outros que também são irmãos: Kadu e Kelly...

Olívia: Ah são?

Raquel: Sim. Eles são de Windenburg...

Enquanto isso no Epi-Centro

Depois que o Epi-Centro foi todo vistoriado, eles ficaram um pouco desapontados pois, apesar do local estar liberado pra funcionar como boate, a capacidade autorizada de pessoas ali era muito menor do que a que eles previram, pelo fato do local ter apenas uma porta pra ser usada em caso de emergência.

Kelly sugeriu então que aumentasse o valor do ingresso, mas Artur não achou conveniente por eles estarem começando. Ele estava bem ansioso por abrir a boate e faria tudo pra que nada desse errado.

A divulgação foi toda pela internet. Na sexta à noite, por volta das nove, já começava a chegar pessoas.

Olívia: A Betsy tá arrasando no som!

Ellen: Betsy é ótima nisso! Ela, Danilo e Artur são os nossos DJs oficiais!

Olívia: O público tá bem animado!

Betsy estava mesmo inspirada e notava a empolgação do público. Mas ao mesmo tempo estranhava aquele monte de desconhecido ali no Epi-Centro.

Kadu e Érick ficavam cuidando da entrada, quando uma moça se aproximou de Érick pedindo ajuda, pois tinha comprado um refrigerante que ficou preso na máquina.

Ele gentilmente foi até a máquina e tentou várias vezes destrava-la até que conseguiu tirar o refrigerante.

Ele lhe entregou a bebida, ela agradeceu. E quando ia saindo a moça lhe deu um beliscão que o fez gritar

Érick (assustado): Ôu que é isso, moça?!

Momentos depois era a vez de Danilo comandar o som enquanto Ellen cuidava do bar.

Tudo ia bem naquela noite. As pessoas estavam se divertindo a valer, menos Ellen que estava sendo assediada sexualmente pela segunda vez.

No início ela ignorava, fazia que não ouvia e continuava atendendo  as outras pessoas, mas o cara insistia nas cantadas e começou a falar palavras obscenas.

Viviane também já não estava suportando aquilo e tinha que dar um basta naquele homem. 

Ela saiu e imediatamente contou pra Érick e Alfredo o que acontecia no bar.

Como era de se esperar, Érick ficou extremamente furioso e Alfredo precisou contê-lo, pois sabia que ele era capaz de partir pra briga ali mesmo. Quando se aproximou do homem, Érick o puxou pelo colarinho o fazendo ficar de pé.

Alfredo (afastando os dois): Pega leve, Érick!

Érick: Você escolheu as pessoas erradas pra mexer! Quero você fora daqui, já!

O homem, visivelmente contrariado, saiu do local seguido por Érick e Alfredo, que queriam garantir que ele fosse embora.

Érick: E eu não quero mais te ver por aqui! Se você aparecer perto daqui, eu te parto no meio!

Homem: Acha que eu tenho medo de ameaça?! Fique sabendo que eu vou voltar!

Érick: Experimente!

O homem deu as costas e foi embora, furioso.

Tudo normal de novo. Agora Alfredo era quem estava no bar.

Gisela: Desde que o Alfredo começou a cuidar do bar, as moças agora são a maioria ali...

Kelly: É, mas o Alfredo é muito comportadinho. Eu quero só ver quando for a vez do Roque cuidar do bar, o que vai juntar de periguete aqui... 

Gisela: Ah nem quero saber do Artur aqui..

Kelly: Fique tranquila que ele não vem pro bar. Ele tá encarregado do som com Danilo e Betsy.

Roque conhecia a maioria das moças que estava ali. Era sempre visto conversando com alguma delas.

Momentos mais tarde Artur ia ficar no som e Roque foi pro bar.

Como Kelly havia previsto, o bar ficou cercado por mulheres.

Daniela: Meninas, já viram o DJ?

Gabi (flertando com Roque): Eu prefiro o mixólogo!

Marina: Amei isso aqui! É cheio de gato! Como é o nome do DJ?

Gisela sentia o sangue fever.

Gisela: Tá vendo? Já tão olhando pro Artur!

Kelly: Ah isso faz parte, Gisela. Mas não esquente com isso, o Artur nunca olharia pra nenhuma delas...

Roque: Lamento princesas, mas o DJ ali já está comprometido, mas eu tô solteirinho e disponível!

Danilo: Olha o Roque... Tá na vida que pediu a Deus!

Artur se sentia satisfeito com o resultado da boate. Via o público bastante animado a cada música que ele colocava. Estava tudo perfeito! Ele olhava as pessoas dançando, quando viu Gisela, um pouco mais atrás, com cara de poucos amigos.

Quando fecharam a boate, eles decidiram se reunir na sala de estudo pra fazer um balanço do primeiro dia de funcionamento.

Parte do grupo já estava ali, e esperava os outros. Assim que os viu entrando, Raquel se levantou pra dar a primeira notícia.

Raquel: Roubaram o computador da Olívia.